domingo, 15 de maio de 2011

ARQUEOLOGIA EXTRATERRESTRE


  ARQUEOLOGIA EXTRATERRESTRE


Dito tem uma banca de camelô no Largo de São Francisco. Na banca ele vende miudezas domésticas, principalmente pano de prato e outros paninhos coloridos de limpeza. O nome de verdade dele é Benedito, mas desde criança todos os chamam de Dito. Me disse um dia que até gosta porque é menorzinho.

O Largo de São Francisco, na cidade do Rio de Janeiro, é um espaço em cujo entorno encontramos a Igreja de São Francisco, a Faculdade, o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de muitas lojas e prédios comerciais. Durante a semana o Largo fervilha de tanta gente.

Sempre que passo ali compro uns panos de prato na banca do Dito. Já tenho muitos, compro pra distribuir para familiares e amigos e ajudar o Dito. Minto! Compro para ouvir as histórias interessantes dele.

Certo dia eu estava passando no Largo por volta das 18 horas, o Dito já estava arrumando a banca para fechar. Comprei dois paninhos e puxei um papo porque queria ouvir suas histórias e também passar um tempo para fugir do horário do rush.

Dito puxou dois caixotes que estavam embaixo da banca sentou em um e me ofereceu o outro. Levantou a cabeça, passou os olhos pelos prédios e depois para o céu que já estava de uma cor azul escuro. Olhou pra mim e disse:

Vou te contar uma história que nunca contei pra ninguém porque acho que vão dizer que sou mentiroso ou mesmo louco. Mas juro que foi verdade!

Vou tentar escrever o mais próximo possível da forma como ele me contou. Eu nunca contei pra ninguém e nem julguei o meu amigo. Fica agora a seu critério, caro leitor. 


Ele chegou numa nuvem. Dessas que passam e não choram nem uma lágrima. Apenas passam. Ou era ela? Não sei, só sei que era domingo e que não havia ninguém no Largo de São Francisco, aquele do Rio de Janeiro. Olhou o entorno, abaixou-se e observou atentamente o chão, levantou-se. Movimentando-se lentamente, parecia que flutuava na superfície, entrou na igreja. Passou lá um tempo. Depois saiu e passou a olhar para as fachadas dos prédios. Eu me encolhi com medo que me visse. Sacudiu a cabeça parecendo pensar: -“nada mau, lugar interessante”.

Tirou do que parecia um chapéu um pedaço de nuvem quadrada e outra esférica. Com um raio de luz escrevia no quadradinho, ao mesmo tempo em que falava no novelinho branco:

-Encontrei sítio arqueológico. Construções organizadas em torno de um pátio sugerindo terem sido construídas por sociedade primitiva inteligente.

A partir daí, ia falando na sua nuvenzinha redonda e escrevendo na sua nuvenzinha quadrada. Parece que o que escrevia era o mesmo que falava.

- O piso do pátio é pavimentado com pedras coloridas. Algumas faixas, sugerindo caminhos ou passarelas, são feitas com aquele elemento altamente perigoso chamado asfalto. Pelo que observo, as construções são de concreto o que permite datá-las, possivelmente, do período Terroso. Tempo esse em que a população desse planeta deve ter sido extinta.

- Do ponto de vista artístico eram bem desenvolvidos nas artes manuais de construção. Alguns prédios têm a fachada com desenhos em alto relevo. Outros, assim como parte do piso, são revestidos com pedras de vários tamanhos, formas e cores.

Pelo que parece chegaram ao mais alto estágio da idade da pedra, pois já conheciam o concreto e manipulavam habilmente algumas ferramentas simples movidas a combustível fóssil. Ainda tem algumas dessas por aqui, largadas, daquele material chamado aço, em perfeito estado de conservação.

Construíam templos para cultuar seus deuses. Esses eram grandes, adornados também com alto relevo e metais amarelos e brancos. Matavam árvores, faziam entalhes e colocavam nos templos como em sacrifícios aos seus Deuses. Alguns entalhes parecem que servem para sentar, outros são imagens estranhas com olhos tristes como se estivessem ali para espantar os maus espíritos.

O prédio que parece ser um templo está aberto, mas os outros estão fortemente fechados, como se algo muito pavoroso os tivesse levado a extinção. A impressão é que tinham medo, muito medo! Do que seria?

A sombra já está chegando e podemos ficar com a energia baixa. Sugiro que uma equipe de arqueólogos, melhor equipado, retorne para um estudo mais detalhado.

Subiu na nuvem, que ainda estava ali parada e, sem nenhuma gotinha se foi.

Ninguém viu. Só eu, pela fresta do meu quartinho ali no segundo andar da faculdade. A noite caiu e os primeiros raios do alvorecer trouxeram o burburinho da segunda-feira. Todos se movimentam. Mas eu fico ali, quieto, a esperá-los num domingo desses.

Maio de 2010

O emprego do pronome indefinido...

(Autor desconhecido)

Era uma vez quatro indivíduos que se chamavam todos, cada um, alguém e ninguém.
Existia um importante trabalho a ser feito, e pediram a todos para fazê-lo.
Todos tinham certeza de que alguém o faria.

Cada um poderia tê-lo feito, mas na realidade ninguém o fez.
Alguém se zangou, pois era trabalho de todos!

Todos pensaram que cada um poderia tê-lo feito e ninguém duvidava de que alguém o faria.

No fim das contas, todos fizeram críticas a cada um porque ninguém tinha feito o que alguém poderia ter feito.

*** Moral da história***

Sem querer recriminar a todos seria bom que cada um fizesse aquilo que deve fazer sem alimentar esperança de que alguém vá fazê-lo em seu lugar...

A experiência mostra que lá onde se espera alguém, geralmente não se encontra ninguém.

domingo, 1 de maio de 2011

BOB MARLEY

 








"Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, ainda haverá guerra"