Só o conhecimento liberta! "...nunca tu és totalmente livre, mas estás sempre em processo de libertação."(FREIRE, Paulo. A África Ensinando a Gente. Paz e Terra, 2003.
sábado, 6 de janeiro de 2018
AUTO ANÁLISE
AUTO ANÁLISE
1. MEU NOME
1. MEU NOME
Sabe Mabel, vou começar pelo nosso nome. Quando a gente nasce o
primeiro carma que nos colocam no ombro é o nome. Uns tem nomes de artistas,
outros dos pais, outros ainda nomes inventados. Há aqueles que como minha tia
teve o nome da irmã que havia recém morrido quando ela nasceu. Sempre ficava
horrorizada quando falavam da morta -"...quando a Violetinha
morreu..."- e eu me lembrava que a tia Leta carregava seu nome. Carregava
mesmo, porque nome a gente carrega.
Mabel e Ana |
Voltando ao meu (nosso) nome
Mabel. Esse nome veio da minha avó paterna que morreu muito tempo antes de eu
nascer e deixou o nome que colocaram no meu ombro. Esse nome era pesado demais
pra mim quando eu era criança. sofri muito bouling com ele. Rimava com papel e
por isso até quebrei a cabeça de um rapaz por me chamar assim. fico grata a
minha amada avó materna Maria por ter me defendido do pai dele quando veio
reclamar. Maria é um nome simples e assim era essa minha avó feita de açúcar,
história em quadrinhos e amor.
Bom, de novo ao Mabel. O outro
problema era a origem. Como minha avó Mabel era inglesa a chamavam de
"Meibel" e assim era comigo em casa. Quando minha mãe atendia o
telefone e perguntavam -"a Mabel está?" - ela respondia, -"aqui
não mora nenhuma Mabel". Me era imposto brigar com todo mundo para que me
chamassem de "Meibel". E assim o nome ficava mais pesado ainda porque
ou as pessoas me chamavam de Mabel pra me irritar ou riam ou ainda diziam que eu
era brasileira então não podia exigir que falassem inglês. Quanto peso...
Carreguei isso até os 21 anos, quando completei a maioridade
absoluta e mudei de lugar, de cultura, de idioma. Descobri que em russo meu nome
soava masculino, não por causa do “a” ou do “ei”, e sim porque terminava em
consoante dura o “l”. Então acrescentaram ao final do meu nome o chamado
“sinal brando”, que na verdade soava como um “i” fraquinho. Ficou então Mabeli.
Como meus colegas nativos estudavam como segunda língua o francês, me chamavam
de Ma Belle, o que tornava meu nome muito mais leve.
Quando voltei ao Brasil não quis mais
acrescentar peso ao nome então abri espaço para o Mabel. Minha família continua
me chamando de Meibel mas para os de fora já me apresento com o nome
abrasileirado mesmo. Alguns amigos me chamam de Bel e eu gosto porque é
carinhoso.
Por causa de uma maldita (rs) marca
de biscoito alguns alunos me chamavam de professora biscoitinho, na minha cara.
Não me incomodou porque era carinhoso também.
Enfim faço tudo para tornar esse
nome menos pesado. Entre meus alunos tem uns com nomes mais pesados que o meu e
entendo como é difícil para eles.
Devíamos, como em algumas tribos
indígenas, escolher o nome depois de adultos. Não que isso modificaria o peso
do nome, entretanto o carregaríamos com maior prazer, pois foi nossa a escolha.
Quando minha filha nasceu pensei em
dar a ela um nome bem universal - pois o pai dela não é brasileiro – que ficasse
fácil de falar em todos os idiomas. Queria também homenagear o país que me
acolheu com tanto carinho e onde ela nasceu. Escolhi um nome comum na Rússia:
Tatiana. Quando o pai dela voltou do cartório com cara de “cachorro ladrão” e
disse que ele tinha colocado outro nome quase caí dura. Mas amei o nome que ele
escolheu. Ana, simplesmente Ana, que na primeira certidão russa era com dois enes
e para ficar mais simples, pedi para homologar no Brasil com um ene apenas. Mais
simples e internacional que isso impossível. Não sei se pesa pra ela, mas
procurei que não.
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