Verbo ir ao Hortifruti
Quando
necessito de legumes frutas e verduras, o que acontece com muita freqüência, pois
adoro comer alimentos vegetais em detrimento dos animais. Não que eu seja
vegetariana por ideologia, mas como pouca carne. Bom, continuando, quando preciso
quase sempre vou a um chamado Hortifruti aqui, mas ou menos, próximo da minha
casa. Gosto de ir lá por vários motivos: o primeiro deles é que as mercadorias
são de boa qualidade, o segundo é que eu escolho, pago e entregam em casa.
Não de graça, claro, mas por uma módica quantia a mais que compensa.
Entretanto ir
lá é mais do que uma tarefa semanal para suprir as necessidades domésticas. Eu
aproveito para exercitar os músculos. Por não estar localizado, este comércio,
tão longe que precise de condução e nem tão perto que não precise de esforço,
aproveito pra fazer uma boa caminhada de ida e volta. O melhor não é o
exercício físico, que é bom também, mas liberar o cérebro. No caminhar dou
total liberdade à minha massa cinzenta - será mesmo dessa cor? – Sei que é
perigoso, pois o desligamento do mundo real pode me levar a cair num buraco e
até mesmo ser atropelada ou assaltada, mas não resisto e ele sai por aí voando
pensando coisas desconexas (será?) que pululam de um assunto a outro muito
rapidamente. Derrepente, do nada, algo chama a atenção para o real e ele volta.
Volta trazendo os últimos e inacabados pensamentos. Nesse momento tento colocar
uma lógica nas coisas pensadas, às vezes consigo outras não.
Hoje foi
assim, da ida nem me lembro tão desligada estava. Quando me dei conta estava
perguntando se o rapaz que entrega estava trabalhando. Pergunto sempre
antes de começar a escolher, pois eu não posso carregar tanto peso. Deu-me até
uma angustia quando pensei como atravessei ruas até chegar e nem lembrar. É
claro que o cérebro tem uns neurônios que ficam de prontidão para retorná-lo em
caso de emergência, mas ficar fora do comando, deixando no piloto automático, é
muito bom mais causa certa apreensão.
Acho que isso
fez com que na volta ele não voasse tão longe e me percebi pensando no verbo
ir. Esse é um verbo bem interessante, pois apesar de se chamar “ir”, no passado
eu digo fui e no futuro vou, nenhuma parecença. E, pior, ele não tem presente
próprio tem que ser ajudado pelo auxiliar. Maria vem aqui! Estou indo mãe! (me desculpem os gramáticos).
Então parei, na porta da farmácia, como se fosse comprar algo e tentei buscar
as pontes lógicas que levaram a esse pensamento.
Já ia longe,
mas ainda audível, um carro de som fazendo propaganda de uma loja especializada
em skate. Dizia, além do nome,
endereço e telefone, que tinham todo tipo de peças para reposição nacionais e gringas.
Isso me levou a tirar da cachola a origem desse nome, ou pelo menos a história
da origem. Na Segunda Grande Guerra os Americanos dos EUA, pois nós também o
somos, fixaram uma base militar no Nordeste brasileiro. Trouxeram seus
combatentes vestidos de farda verde. Muitas pessoas descontentes com essa
invasão, consentida pelos governantes brasileiros, gritavam palavras de ordem
em inglês, pedindo que se fossem. Uma delas era green go que significa, numa tradução liberal, “verdes fora!”. As
pessoas que não sabiam inglês, que era a maioria, achavam que esta era uma só
palavra “gringo” e acabou, pelas vias tortuosas da língua, passando a
significar estrangeiro. Esse go me
remeteu ao verbo ir, em português, e daí para o resto foi só ligar os pontos.
Cheguei em
casa!! Ufa!
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